quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

 


                                                MOMENTO


          Quando a minha alma clama por paz!

Quando os meus olhos se perdem na imensidão do céu.

Quando meus passos se desequilibram pelo caminho, procurando o som do seu sorriso.

Alma em prantos, sorriso morto, teus olhos brilham em outro lugar, em outra rua.

Em cada esquina procuro, não encontro, apenas o silêncio me responde, silêncio assustador

que me arrasta para os confins do tempo, silêncio que me abraça, que mina a minha esperança,

que rompe a barreira da solidão e se instala sorrateiro, confundindo passado e presente.

em um espaço morno, sem brilho, sem cheiro ou cor, me prende como tentáculos de um polvo 

gigante, eu me encolho dentro dele, desapareço por completo, e o som da minha alma ecoa, um 

lamento triste, um suspiro que escapa do peito, clamando, gritando por um momento que se foi e

que não volta mais.

Maria Edith Faustino de Araújo

 ceres-Go. 13/12/2023











domingo, 19 de março de 2023

 SILÊNCIO DO INFINITO


Silêncio! Fecho os olhos, ouço a voz do vento a minha frente uma estrada ladeada de relva enfeitada com minúsculas flores de cores variadas seu perfume enche o ar, o vento canta uma melodia que acalma o meu coração.

Silêncio! Abro os olhos uma luz me aponta o caminho, sigo por ele meus passos são firmes, mas a voz do vento me convida a bailar, estou acima das nuvens e a beleza que vejo aquece minha alma.

Silêncio! Fecho meus olhos mais uma vez, me deixo levar pelas lembranças, sentimentos variados agitam meu corpo o sol me aquece e o cantar do vento embala a minha alma, abro meus braços e abraço o infinito azul do céu.

Silêncio! O mar azul a minha frente, ando pela areia branca , as ondas rebentam na praia como um grito de alegria que ecoam por todo o meu corpo, sinto a vida no infinito azul do céu que se encontra com o azul do mar.

Silêncio! A noite me abraça, a lua majestosa me convida a sonhar, as estrelas num bailar infinito elevam meu espirito e como num sonho  me deixo flutuar, viajo pelo céu admirando a beleza da noite, então num silencio que acalma abraço o infinito, o mundo é como um palco  e nele os movimentos da vida explode em harmonia.

Silêncio! O amor em todas as suas formas me envolve na beleza da vida!

Maria Edith Faustino de Araújo

Ceres, 19/03/2023


segunda-feira, 13 de abril de 2020

Passarinho..
Penso em tu,e a tristeza me invade a alma, inebriando meu coração de soluços, travados na garganta, insistindo em ser lágrimas, a passarinho, tu jamais vai entender   um coração como o desse poeta solitário, que ama aos extremos, sofre como poucos, vivendo no limite das emoções, a cada dia, cada momento, cada segundo...
Fico devaneando imagens, de momentos não vividos, porém imaginados ,pela força do querer, por desejar ,crer no amor, que um dia me destes ....
Hoje, sou como um barco a deriva, jogado a qualquer direção, ao sabor das ondas e do vento....
Meu ser,viaja o infinito em busca de você, do teu sorriso lindo, desses teus olhos, que por mais que eu olhe, não sei dizer a cor ,pois me perdi ,contemplando teu ser ...
Um dia, passarinho, descobri o amor, e hoje, vivo enclausurado, nessa triste solidão...
Eu ,a 🌠 que brilha....

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

"HUMANIDADE"



Quanto mais observo menos entendo os homens, as coisas que estão acontecendo no Brasil e no mundo inteiro, às vezes penso onde foram parar as palavras do Senhor de todos os homens:
“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, parece que as palavras “amor, respeito, honestidade” perderam o sentido neste mundo globalizado, elitizado onde o que conta é o tamanho da sua conta bancária e a cor da sua pele, e em alguns casos a religião.
Esse negócio de dizer “eu te amo” ficou tão sem sentido que esta apenas agregada aos relacionamentos amorosos, ou melhor, alguns nem tão amorosos assim, não se vê mais nenhum respeito pelas pessoas idosas ou não, por crianças e mulheres, o importante é você ser “esperto” é ter a “justiça” na palma da mão.
Quando assisto o jornal me arrepio com as noticias, e me pergunto “Voltamos ao tempo da escravidão?”, vejo “Leis” sendo criadas para beneficiar quem um dia jurou diante de um povo ser leal, honesto, humano, mas o poder corrompeu a dignidade extirpou a honestidade liquidou qualquer vestígio de “humanidade”. Nossos “justiceiros” que usam terno e gravata, que se “arvoram” “juízes” que se aposentam com salários “irrisórios” e que garantem que os aposentados com um salario milionário (note-se é o salário mínimo!) estão quebrando o País.
Penso na Constituição Federal que foi severamente atropelada, destroçada por esses “senhores” da justiça, vejo a imagem de um soldado com crianças (brancas e ricas é claro) fazendo pose para ser fotografado, e em outra um soldado revistando a mochila de um estudante (negro é claro), sem contar de questões de um vestibular que é de deixar qualquer pessoa (decente é claro) de cabelo em pé.
Os paladinos da justiça se apresentam diante das câmeras de televisão e enche a boca para falar do combate a corrupção, aos traficantes, enquanto se é descoberta contas milionárias na Suíça, esses “senhores” que estão dilapidando o País, que estão vendendo as suas riquezas e o povo  para uma escravidão moderna com uma “liberdade” de morte. E apresentam uma propaganda pedindo que se fotografe o Brasil que você quer.
Senhores, o Brasil que queremos é um Brasil de igualdades, onde as pessoas possam andar livremente, tenham direito a moradia, saúde e educação, onde os índios os negros não usem mais grilhões, o Brasil que queremos é um Brasil com uma justiça verdadeira e limpa, sem manipulações ah um Brasil sem a “Rede Globo” também seria ótimo.
Maria Edith Faustino de Araújo
28/02/2018

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

"UM OLHAR PELA JANELA"



Abro a janela de par em par é como abrir as janela do meu coração, a luz do sol ainda tímida inunda tudo, devagarinho vai abrindo espaço criando um arco-íris nas paredes e enfeitando o chão com inúmeros desenhos. As lembranças bailam na mente em ritmo acelerado ou lento sinto o cheiro de outros tempos de outro lugar.
Seu rosto preenche o espaço entre a realidade e o passado, então procuro no fundo do pensamento uma palavra sua, uma frase daquelas de efeito que só você sabia dizer, encontro um vazio desesperador alucinante, uma saudade do tamanho da minha janela. Ao longe vislumbro a cidade pessoas apressadas, ninguém escuta meu grito de desespero, não percebem a agonia de uma vida que morre em meio à saudade.
Deixo o olhar passear no passado, tempos idos de alegria e amor, recordo com nitidez o dia do adeus, assim o fim, as palavras retornam como um turbilhão, são como ondas gigantescas a afogar a minha esperança, está gravado nitidamente em minha mente transtornada que procura em vão no vão da janela uma saída.
A janela meu único refúgio, o espaço entre a dor e a tristeza a estrada que liga você a mim e eu a você, sigo inerte não sinto frio nem calor, olhando pela janela sinto apenas a saudade doer fundo desmontando o que restou da mulher que um dia te amou, e que ainda ama que teima em trazer para mais perto a ferida aberta pelo adeus, restou apenas o rosto que olha pela janela, que procura na estrada  um corpo, um olhar.
Teu nome vem aos meus lábios, mas o som é um grito de agonia, uma dor aguda atravessa meu peito, como um punhal afiado que rasga de lado a lado o coração ferido moribundo.
Olhar pela janela buscar no tempo e na voz do vento noticias suas apenas o som do silêncio me responde.
Uma procura infinita se estende por este espaço, no meu corpo o calor do teu abraço, na minha boca o gosto daquele beijo triste no dia do adeus, um olhar pela janela, uma lembrança que resiste ao tempo, um olhar pela janela é o que me resta.
Ceres, 22 de fevereiro de 2018.
Maria Edith Faustino de Araújo

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

"CONTRAMÃO"

         Amanheceu!O céu se tornou róseo e a luz do sol vai rompendo as trevas da escuridão,vai brilhando,iluminando tudo ao seu redor, empresta ao dia o seu calor, só eu sinto o frio da solidão, caminho, mas meus passos não encontram rumo, me curvo sob o peso da saudade de nós dois, o pensamento viaja a tempos atras, de sorrisos, de abraços no caminho que não volta mais, no olhar um sonho, no peito um amor, dia presente, tristeza,saudade e dor.
         Onde está você nesse momento, em quem está seu pensamento, para onde te leva teus passos, em qual abraço descansa teu corpo, sera que ainda sonha com meus beijos, será que ainda guardas no peito o meu calor?Ou será que já nem te lembras de mim?meu caminho não tem direção, meu coração segue na contramão te procurando,não te encontro em nenhum ponto, findo a estrada, na madrugada do sonho me abandono nas lembranças e na curva do passado ainda me encontro em teu abraço.Mas na contramão do destino, vivo presa ao desatino deste amor que não se acaba, que se renova todo dia em minha estrada.
Maria Edith Faustino de Araujo
Ceres,21 de fevereiro de 2018

sábado, 4 de fevereiro de 2017

INFERNO E CÉU



                                     Agradecimentos e dedicatória

Em primeiro lugar agradeço à Deus que me permitiu escrever esse pequeno romance, que me concedeu a graça e a imaginação necessária para chegar até o fim, sei que não é nenhuma produção estupenda mas para mim é a realização de um sonho.
Dedico as minhas filhas, Elisangela que herdou de mim o mesmo romantismo e Elaine a minha caçula pela força do caráter e a persistência em chegar ao fim de todos os seus objetivos.
Aos meus netos, Lucas, Isabella, Elisabeth, Heloisa, Douglas e Davi Lucca que enchem minha vida de alegria, aos meus genros Márcio e Allyeferson que me presentearam com esses rostinhos lindos.
Ao meu esposo Divino que me proporcionou a inventiva deste romance e esteve presente em cada linha.
A RT Produções na pessoa de Richard Thompson que mesmo distante me deram sem saber algumas ferramentas para concluir essa história.
A todos o meu amor e carinho.
                                                             Maria Edith Faustino de Araújo
                                                                        Ceres-Go. 04/02/2017


01           


     INFERNO E CÉU         


Numa cidade do interior do estado de Goiás morava uma moça linda não só de rosto, mas de alma e coração, angelical no modo de falar e de tratar as pessoas, aos dezoito anos ainda não havia namorado ninguém não por falta de pretendentes, mas porque seu coração esperava o príncipe encantado, não aquele que chegaria montado em um cavalo branco, mais  o homem que a conquistaria para viver juntos o resto da vida.
Heloisa era esse o nome dessa flor do campo que vivia no interior, passado algum tempo foi morar na mesma cidade um rapaz de espirito livre chamado João Gabriel, cujo sorriso iluminava todos a sua volta, quando se olharam parecia que milhões de estrelas cintilavam no céu. Nasceu nesse encontro o amor que Heloisa tanto esperava, foram dias de pura felicidade, encontros , sorrisos, beijos apaixonados, passeios ao luar, e assim o tempo passou, marcaram o casamento na Igrejinha do local, num sábado radiante, Heloisa estava maravilhosa num vestido branco, trazia na cabeça um véu que mais parecia uma nuvem de tão branco, os olhos brilhavam como duas estrelas em noite enluarada, um sorriso iluminava o seu rosto que a tornava mais bela e angelical. O casamento estava marcado para ás dezoito horas, a igrejinha repleta de convidados, parentes, amigos e quase todas as pessoas que moravam na cidade, todos sem exceção aguardavam a chegada do noivo e da noiva.
O relógio na parede lateral marcava as horas numa lentidão espantosa, parecia que não queria ser barulhento dava a impressão de respeito para esse momento especial na vida de Heloisa, quando o momento chegou, na Igreja se ouvia um zumzum discreto como se falar fosse um sacrilégio, nesse momento a noiva radiante aparece na porta seus olhos procuram avidamente pelo homem amado, e só então ela percebe que ele não está a sua espera, todos ficam em silêncio, os olhos fixos no seu rosto, seu corpo, porém, não obedece as ordens do cérebro ela esta paralisada, dos seus lábios nenhum som, o coração explodiu em mil pedaços, e tudo a sua volta escureceu, quando enfim recobrou a consciência percebeu horrorizada que estava em um hospital, ao lado da cama sua mãe e seu pai, mas ninguém disse uma palavra.
Os dias foram passando lentamente, e daquela menina alegre e sorridente nada tinha restado, parecia presa a grilhões invisíveis e ela se arrastava pela casa, noite e dia, sua família desesperada já não sabia mais o que fazer, ela não pronunciava nenhuma palavra, ficava parada olhando a rua, talvez recordando os momentos maravilhosos que havia passado com seu amado, em sua mente perturbada pela dor ela procurava um motivo, uma explicação, mas nada do que pensava parecia ser coerente.
Um ano depois Heloisa despertou do torpor ao qual estava presa, mas no lugar daquela moça de olhar angelical havia outra pessoa, um coração de pedra tomou lugar do outro, que foi destroçado pela insensibilidade do homem que ela tinha amado.
Heloisa tomou uma decisão que deixou a todos espantados, decidiu mudar-se para a  capital, continuar  seus estudos e tentar o curso de medicina, sua mãe e seu pai apoiaram a sua decisão, então começou os preparativos para a mudança, seu pai foi a capital encontrou  um apartamento para que ela se acomodasse, estudando com afinco passou no vestibular na primeira tentativa, no curso que ela havia escolhido.
                                                                                                                                                              02

Heloisa formou-se com distinção, tornou-se uma cardiologista de primeira, e a sua especialização cirurgias cardíacas.
No Hospital onde trabalhava era conhecida como a mulher de pedra, sem um sorriso nem calor nos olhos gelados, ela só se transformava quando estava com seus pacientes  aí seus olhos adquiriam um brilho especial e um sorriso iluminava o seu rosto, a todos tratava com amor e carinho.
Aos trinta anos tornara-se uma mulher maravilhosa, mas ninguém conseguia penetrar a armadura com a qual ela se revestia, discutia assuntos referentes aos seus pacientes com seriedade e firmeza, mas se algum médico colega de serviço tentava transpor a distância entre eles , recebia um olhar gélido em resposta. Ela  nunca mais havia ouvido falar de João Gabriel, também não contava sua história para ninguém.
No seu aniversário de trinta e um anos os amigos lhe fizeram uma surpresa ajudados pelo seu pai e sua mãe, ambos moravam com ela, mudaram-se assim que ela se formou, até então ninguém tinha chegado tão perto, estavam presentes os médicos, enfermeiras e residentes que estavam livres, umas trinta pessoas mais ou menos, prepararam o auditório do hospital, uma decoração sóbria assim como a homenageada.
Entre os convidados estava um homem elegante, cabelos grisalhos nas têmporas e um sorriso de dentes brancos e perfeitos, ele olhava tudo discretamente e respondia aos cumprimentos com educação e elegância, uma das enfermeiras chefes que estava ajudando na festa passou ao seu lado, e ele lhe perguntou quem era a Dra. Heloisa, a moça lhe indicou com um aceno de cabeça discreto onde ela estava, com passos largos e firmes ele chegou ao seu lado, quase perdeu o folego ao se deparar com os olhos verdes mais lindos que já havia visto  deu um sorriso maravilhoso e se apresentou a ela, Dr. Sérgio Alvares cardiologista formado em Harvard, a intenção não era impressioná-la mas as palavras saíram da sua boca sem que ele se apercebesse, Heloisa franziu a testa respondeu ao cumprimento, agradeceu pela presença e simplesmente deu-lhe as costas.
A festa transcorria alegre, conversas amenas nada sobre serviço ou pacientes, estavam livres por algumas horas e queriam divertir-se, os pais de Heloisa seguiam com os olhos cada um dos seus passos e perceberam que ela estremeceu no momento que conversava com o homem elegantemente vestido. Em um dado momento e em particular lhe perguntaram quem era o homem bem vestido que havia mexido tanto com ela, Heloisa deu de ombros e respondeu que não sabia.
Hora de ir para a casa ela ainda enfrentaria um plantão pesado, e queria estar tranquila para atender a todos os chamados, colocaram as coisas no lugar, limparam o salão e cada um dos convidados foi para casa descansar, com os olhos e de modo disfarçado Heloisa procurou o homem elegante, não o viu mais.
As  seis da manhã ela chega em casa cansada mas feliz  foi uma noite tranquila, apenas um paciente precisou de atendimento, tomou um banho, colocou uma roupa leve e foi deitar-se para descansar um pouco, antes porém foi até onde estava seus pais, beijou-os e assim se retirou.
Ela despertou ouvindo vozes na sala, não reconheceu uma delas, foi ao banheiro, lavou-se escovou os dentes vestiu uma roupa adequada e foi até a sala, ficou paralisada na porta,
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sentado no sofá estava o convidado o Dr. Sergio Alvares, não estava de terno, mas com uma roupa esportiva, e através dela dava para imaginar o corpo musculoso e bem tratado.
Sentou-se, aguardou um instante e cumprimentou-o com educação, havia alguma coisa naqueles olhos negros que a assustavam, balançou a cabeça afastou o pensamento e se concentrou na conversa, naquele momento ele falava que havia sido indicado para aquele hospital para atuar na área das cirurgias cardíacas, e que ele soubera que lá trabalhava uma médica extremamente talentosa e inteligente, aceitou o convite e cá estava.
Por um momento os olhos negros mergulharam nos olhos verdes de Heloisa um calafrio  percorreu o corpo dele como uma descarga elétrica, ficou preso alguns segundos naqueles olhos e sentiu o que jurara para si mesmo nunca mais sentir, educadamente despediu-se dos três e se retirou.
No dia seguinte Heloisa foi convidada para uma reunião com a diretoria do hospital, quando entrou na sala lá estava ele, de jaleco branco com o seu nome bordado no bolso, as mãos grandes com unhas bem cuidadas seguravam um bloco de anotações, nesse momento ela percebeu que ele não usava aliança e nenhum outro tipo de anel que dissesse que era comprometido, sem entender muito bem o seu coração se alegrou, o diretor o apresentou como o mais novo membro da ala de cardiologia e não poupou elogios ao Dr.
Naquele dia ela o levou para conhecer os pacientes apresentou-os pelo nome e explicava o quadro clínico de cada um, mas não se sentia confortável com o novo médico ao seu lado, ele mexia com os seus sentimentos e isso ela não podia permitir, pois ainda estava fresco na sua memória tudo o que ela havia passado estava tão vivo que parecia ter acontecido a menos de um mês. Por sua vez o médico admirava a sua delicadeza com os pacientes ficava encantado com o modo educado que ela os tratava e com o carinho que dispensava a todos eles, sem distinção. Percebeu assustado que as suas defesas estavam desmoronando e que ele já nem se lembrava porque havia fugido da sua cidade natal.
Os meses pareciam voar, e cada vez mais ele se sentia preso por aqueles olhos verdes misteriosos, que não sorriam para ele. Um ano trabalhando juntos ele descobriu estar apaixonado por Heloisa, assustado com essa descoberta perdeu o controle e respondia às suas perguntas com rispidez, o clima entre eles ficou tenso e a cada dia parecia pior.
Heloisa percebeu a mudança, mas não fez nenhum comentário, continuaram trabalhando juntos, mas ela evitava lhe perguntar alguma coisa, seus olhos ficaram mais tristes do que de costume, mais apenas seus pais perceberam a diferença.
Um belo dia Heloisa chegou ao hospital e não encontrou o Dr. Sergio Alvares perguntou à enfermeira chefe e ela disse que ele havia pedido demissão, porém não revelou o motivo da sua decisão disse que o diretor do hospital falou para ele descansar um pouco e depois com mais calma refletir sobre o assunto.
Na semana seguinte foi contratado um novo enfermeiro para a ala cirúrgica e segundo os comentários um instrumentador de primeira linha, rápido e inteligente Heloisa sem saber porque sentiu um calafrio quando ouviu falar do novo enfermeiro, esqueceu o assunto e começou a sua rotina de atendimento, ao meio dia desceu para almoçar e quase caiu  quando viu João Gabriel sentado à mesa conversando alegremente com as enfermeiras, ele levantou a                                                cabeça ficou parado olhando para ela, não sabia o que fazer nem dizer, Heloisa se aproximou
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cumprimentou. Era como se nunca o tivesse visto, havia imaginado um milhão de vezes como seria vê-lo de novo, ouvir sua voz e percebeu que havia muito tempo que não pensava mais nele, seus pensamentos estavam agora em outro lugar com outra pessoa o corpo se arrepiou quando pressentiu que não veria mais o Dr. Sergio Alvares.
João Gabriel começou a fazer perguntas sobre a linda médica de olhos verdes gelados, mas ninguém sabia da sua história, perguntou se era casada e foi informado que não, então começou a arquitetar um plano diabólico para reconquistar aquela mulher linda em que ela se havia transformado.
Todos os dias na hora em que ela descia para tomar café João Gabriel dava um jeitinho para estar lá também, mas ela nunca lhe dirigia uma palavra, tomava seu café com rapidez e ás vezes nem olhava para ele, isso foi deixando-o irritado porque ele se lembrava do tempo em que ficaram juntos e ela havia dito que o amaria para sempre, desconfiado ele começou a fazer perguntas até descobrir sobre o novo médico que estava de férias, logo então percebeu que talvez ela estivesse apaixonada por ele.
Nos poucos dias que ainda restava de férias o Dr. Sergio Alvares tomou uma decisão  voltaria a trabalhar no hospital, conquistaria o coração daquela mulher e descobriria a razão do olhar tão frio em direção aos homens inclusive ele.
Quando chegou o final do mês Heloisa estava agitada e não sabia explicar por que, o coração
Acelerava no peito em alguns momentos ficava perdida sonhando acordada, e aí fez uma descoberta que a deixou estarrecida estava apaixonada pelo Dr. Sergio e não via a hora dele chegar, com um sorriso nos lábios desceu para tomar café, nem percebeu que João Gabriel estava lá, cantarolando uma canção coisa que não fazia há muitos anos sentou-se pegou sua xícara colocou o café e começou a sonhar, não percebeu que João Gabriel se aproximava e de repente sentiu as suas mãos em suas costas levantou-se de um salto e antes que pudesse se proteger ele a agarrou pelos cabelos e esmagou seus lábios  com um beijo bruto e que ela não queria, debateu-se até se libertar mas o que ele pretendia já havia acontecido em pé na porta com um buquê de rosas nas mãos estava Sergio, frio como gelo encarou o rosto avermelhado de Heloisa jogou as flores aos seus pés deu meia volta e saiu.

O terror tomou conta do seu corpo lembrou de todo o seu passado do sofrimento, da dor  da solidão, correu pelo corredor e alcançou Sergio na saída, pegou seu braço mas as palavras não saíam da sua boca, estava engasgada pela dor e pelo desprezo que via nos olhos dele, com educação pegou sua mão e tirou do seu braço, olhou nos seus olhos e ela viu no fundo daqueles olhos negros o desprezo que ele sentia por ela.
O calvário havia recomeçado, se arrastando a mente embotada pela dor voltou ao seu consultório, pediu a sua secretária que não chamasse ninguém, ela precisava de uns minutos pois estava com dor de cabeça.
O  dia parecia não acabar nunca, e ela atendia os pacientes como um robô, fazia as perguntas ouvia as respostas anotava tudo, mas não sorria era como se alguma coisa houvesse morrido dentro dela.


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Arrastou-se para casa, entrou e se jogou na cama, chorou em silêncio até adormecer, o mesmo torpor que já havia aprisionado durante muito tempo se apossou do seu corpo e da sua mente
e um redemoinho de lembranças desfilaram diante dos seus olhos descobriu horrorizada que João Gabriel tinha feito de propósito e de alguma forma ele descobriu que ela estava apaixonada pelo médico.

Na manhã seguinte quando chegou ao hospital todos a olhavam de maneira estranha, pareciam sorrir dela, murmuravam coisas que ela não podia entender, quando chegava em uma sala a conversa cessava de repente , ainda não tinha encontrado o Dr. Sergio, só de pensar no encontro seus joelhos tremiam, não sabia com reagir.

Foi para a sala dos médicos entrou tão silenciosamente que o casal que se abraçava não a viram chegar ela parou branca como uma folha de papel quem estava abraçando outra mulher era Sergio, pediu desculpas e se retirou, correu para o banheiro e vomitou tudo o que havia comido, seu estomago ainda estava enjoado a cabeça doía como se uma banda inteirinha estivesse tocando dentro dela, pediu licença para o diretor e foi para casa.
Um desespero sem tamanho se abateu sobre ela, e toda a angustia o desespero de anos atrás voltaram com força total e esmagadora, cambaleando foi para seu quarto e na penumbra chorou ate que as forças a abandonaram completamente.
E nesse torpor ficou o resto do dia e a noite inteira, quando amanheceu seu rosto estava lívido, parecia que todo o seu sangue havia sumido do corpo, esforçou-se ao máximo para chegar ao banheiro, tirou a roupa e entrou debaixo do chuveiro, deixou a água fria percorrer seu corpo e de olhos fechados foi recordando toda a sua vida, o amor que a abandonou no altar, a cura para a dor imensa que ela conseguiu através da escolha de sua profissão, recordou do encontro com o Dr. Sérgio do calafrio que percorrera sua espinha daqueles olhos negros sedutores enigmáticos que pareciam penetrar fundo em sua alma, que descobriram segredos que abriram portas as quais ela havia fechado há muito tempo, o sorriso que ultrapassava os lábios e chegavam até os olhos e iluminavam tudo e cativavam todos. Com uma tremenda dor no estomago recordou o ato de covardia de João Gabriel ele havia percebido que ela estava apaixonada por outro homem, e com um tremor violento o rosto do Dr. Sérgio surgiu em sua mente, recordou cada detalhe o sorriso que morreu no canto da boca máscula o brilho dos olhos endurecidos e as flores que ele jogou aos seus pés. Naquele momento tomou uma decisão que mudaria radicalmente sua vida, trancou em seu coração toda a tristeza, a dor e a amargura, preparou-se para o trabalho, tomou café com seus pais e eles não lhe fizeram perguntas, sabia o que encontraria no hospital, ao chegar respirou fundo ergueu a cabeça e se vestiu de uma capa de gelo, cumprimentou as pessoas que estavam no saguão, e encaminhou-se para a sala dos médicos, com um bom dia seco cumprimentou a todos, apanhou sua xícara colocou seu café, sentou-se e começou a bebericar a bebida estimulante. Na sala estava um silêncio que poderia ser cortado com uma faca, Heloisa manteve a cabeça erguida terminou o café levantou-se e com um aceno de cabeça despediu-se, sentiu em suas costas todos os olhares, porém não se voltou, chegou ao seu consultório cumprimentou a secretária e entrou depois de arrumar todas as fichas encima da mesa chamou seu primeiro paciente, trabalhou
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sem parar até às 12HORAS, e então fez a ronda habitual pelos quartos onde estavam internados seus pacientes, conversou com todos eles sorriu, abraçou-os afetuosamente e foi almoçar na saída encontrou-se com João Gabriel olhou-o nos olhos e deixou que ele percebe-se todo o seu ódio e rancor pela atitude mesquinha e leviana que ele havia cometido.
Chegou a casa abraçou seus pais como sempre fazia, tomou um banho rápido e sentou-se com eles para almoçar, perguntou como estavam se haviam ido a praia enfim entabulou uma conversa amena, terminado o almoço foi para a varanda que era enfeitada por todo o tipo de flores era um oásis para a sua alma atormentada, deixou-se ficar ali quieta e serena, sentia que sofreria muito ainda.
Os meses foram passando lentamente e ela já conseguia encarar o Dr. Sérgio sem estremecer sabia que ele estava namorando firme com a enfermeira chefe, uma morena linda de olhos castanhos e sensuais, um corpo perfeito e um sorriso de dentes brancos e brilhantes, todas as vezes que ela os encontrava não afastava o olhar cumprimentava-os educadamente.
Já havia chegado o mês de setembro e numa manhã alegre e colorida ela encontrou em sua mesa o convite de casamento, estremeceu a cabeça parecia que ia explodir e uma ansiedade sem limites tomou conta do seu corpo trêmulo, sentou-se e om mãos que mais pareciam pedras abriu o envelope retirou cuidadosamente o convite e leu o que nele estava escrito, seus olhos se encheram de lágrimas e o coração pareceu parar por um momento, ela recordou-se da promessa que fizera a si mesma enxugou as lágrimas e concentrou-se no seu trabalho, no fim da manhã resolveu olhar a data em que seu amado tomaria por esposa outra mulher e percebeu que o casamento seria dali um mês exatamente no dia do seu aniversário 08 de outubro, sabia que não era coincidência, mas uma forma de fazê-la sofrer ainda mais.
João Gabriel vivia seguindo-a e queria por todas as forças retomar o antigo romance Heloisa, porém tinha lhe dito com todas as letras que não o amava mais e que, portanto não teria nenhum sentido voltar ao passado, pois este estava morto e enterrado, um ódio mortal se apoderou de João Gabriel e ele começou a arquitetar um plano diabólico contra ela e o homem que ela amava.
Fez amizade com a secretária de Heloisa e assim ficava sabendo de todos os seus passos e sempre aparecia onde ela estava, o Dr. Sérgio começou a desconfiar das atitudes de João Gabriel e começou a vigiá-lo foi percebendo que havia cometido um tremendo erro e que naquela tarde fatídica ele havia julgado e condenado Heloisa sem ao menos ouvir a sua explicação, descobriu então que não poderia se casar com Alessandra pois amava Heloisa com toda a força do seu coração.
E assim ele tomou a decisão mais difícil da sua vida, terminar um relacionamento com o cuidado de não magoar Alessandra, na primeira oportunidade chamou-a para um encontro e começou a explicar o motivo do relacionamento não poder continuar ele estava apaixonado pela Dra. Heloisa, aparentemente Alessandra aceitou calmamente o rompimento, mas estava magoada e seu coração só pedia vingança, não por amor, mas porque se considerava bem mais bonita e interessante, aquela doutorazinha não ia sair ganhando. Sabendo do romance entre Heloisa e João Gabriel arquitetou um plano para separá-los definitivamente.
Enquanto Alessandra arquitetava seu plano macabro, Sérgio foi a procura de Heloisa, na sala dos médicos soube que ela havia ido embora mais cedo, pediu licença ao diretor e foi até a sua
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casa, a mãe de Heloisa o recebeu com imensa alegria, pois mesmo que eles tivessem rompido o namoro antes mesmo de começar ela confiava nele, e haviam tido longas conversas sem que a sua filha soubesse, ela o conduziu até a sala e foi chamar Heloisa.
Pensando que fosse um dos médicos residentes Heloisa não se preocupou em se arrumar, desceu vestida em um short, uma camiseta larga e os cabelos presos em um rabo de cavalo, quando se deparou com Sérgio seu coração acelerou no peito, faltou o ar e ela cambaleou, Sérgio em um movimento rápido amparou-a em seus braços, e nesse momento ela percebeu que era ali que sempre quis estar. Depois de conversarem longamente e de esclarecer todo o mal entendido que ocorreu ela chamou seus pais e deu a notícia de que se casaria o mais rápido possível e em segredo para que nada pudesse atrapalhar esse dia especial.
Assim acertados passaram o resto do dia juntos, tecendo seus planos e se preparando para o grande dia, os pais de Heloisa eram conhecidos pelo Padre da Igreja Local, e junto com ele marcaram o casamento dos dois para o dia 25 de julho, dali a quinze dias.
No Hospital durante o serviço ninguém imaginava que eles haviam reatado, ou melhor, começado um relacionamento que se concretizaria em quinze dias. Heloisa vivia um conto de fadas apesar de não contar para ninguém sobre seus planos os seus amigos mais chegados notaram a diferença no seu comportamento, seus olhos estavam sempre sorridentes e o brilho estava mais radiante, o verde magnifico indicava felicidade, mesmo assim não perguntaram nada.
Alessandra já havia se aproximado de João Gabriel e aos poucos seu plano diabólico foi tomando forma, juntos decidiram que não permitiriam que os dois ficassem juntos, ela por despeito e ele porque não aceitava ser trocado por outro ainda se considerava o único amor de Heloisa, os dias foram passando lentamente até que chegou o grande dia, estavam reunidos apenas seus pais, ela e Sérgio, escolheram uma cerimônia simples em uma capela próxima a sua casa, ela havia trocado o apartamento por uma casa pintada de branco e com espaço para sua mãe cultivar flores. Quando o juiz de paz iniciou a cerimônia junto com o padre, entraram na sala Alessandra e João Gabriel ambos transtornados com tudo o que estavam presenciando o ódio que havia nos olhos deles destoava do sorriso radiante dos noivos. Em um acesso de fúria Alessandra sacou uma revolver e apontou direto para Heloisa, gritando desesperada que ela não se casaria com Sérgio, pois ela era mais bonita, inteligente e não deixaria que eles se casassem, Sérgio temendo pela vida da amada entrou na frente no momento exato que Alessandra puxou o gatilho o tiro foi direto em seu peito ele rodopiou sobre si mesmo e caiu, Heloisa em estado de choque não conseguiu se mexer e a Alessandra se preparou para disparar mais uma vez, foi aí que João Gabriel percebeu que o que estava fazendo não tinha nenhum sentido e se jogou sobre Alessandra para salvar a vida da mulher que um dia o havia colocado em um pedestal, recordou em fração de segundos o tempo em que esteve ao lado daquela mulher magnifica e que ele havia perdido por pura estupidez, Alessandra apertou o gatilho mais uma vez, o tiro foi direto no peito e João Gabriel caiu lentamente, e antes que ela pudesse dar um terceiro tiro o policial que chegou correndo ao ouvir os disparos acertou um tiro em Alessandra que largou a arma e levou as mãos a barriga olhando com olhos arregalados como se não acreditasse no que estava acontecendo, rapidamente acionaram a ambulância que levariam os feridos para o hospital, para a Dra.
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Heloisa começou uma batalha enorme para salvar o homem da sua vida. Foi duas cirurgias delicadíssimas que ela realizou uma em Sérgio e outra em João Gabriel, o ferimento que Alessandra não fora mortal e ela já estava fora de perigo.
Porém para Sérgio e João Gabriel a luta pela vida ia ser bem mais árdua, seguiram-se dias de verdadeiro terror e Heloisa não deixava o quarto dos seus dois pacientes, depois de estar em coma há quase um mês João Gabriel abriu os olhos e se deparou com as duas esmeraldas que ele agora percebia havia amado desde o primeiro dia, mas que por ser jovem e irresponsável havia perdido para sempre. Tentou dizer algumas palavras e Heloisa pediu que ele não dissesse nada, que não deveria se esforçar Sérgio porém ainda continuava em coma, João Gabriel foi se recuperando numa rapidez incrível e menos de um mês depois já estava restabelecido, decidiu então se entregar a polícia e contar toda a verdade do que havia acontecido, Alessandra já estava presa e aguardava julgamento, antes de se entregar João Gabriel procurou Heloisa e de joelhos e chorando copiosamente lhe pediu perdão, disse que havia se deixado contaminar por outra pessoa
e nem percebeu o que estava deixando para trás, disse que se arrependia de tudo o que havia feito, e que não sabia o verdadeiro propósito de Alessandra a principio era apenas para estragar o dia do casamento, revelou que reconheceu o amor que ela sentia por Sérgio pois ele conhecia aquele brilho do seu olhar e então não permitiu que Alessandra também a atingisse, disse que estava preparado para sofrer as consequências dos seus atos.
Enquanto isso o Dr. Sérgio continuava lutando pela vida, já se haviam passado dois meses da tragédia, a Dra. Heloisa parecia uma sombra, emagrecera, envelhecera não era mais aquela mulher linda, decidida, algo se quebrou dentro dela e parecia que não se podia mais consertar, um dia fazendo visitas aos pacientes seu coração acelerou quando passou em frente ao quarto do seu amado e percebeu que depois de quase três meses ele dava sinal de vida, correu apesar da pequena distância que os separava e sentou-se ao seu lado na cama, Sérgio abriu os olhos e mergulhou naquele mundo verde que agora estava quase sem brilho, não a reconheceu, mas mesmo assim sentiu um alívio indescritível.
Na prisão Alessandra obteve notícias do estado de Saúde do Dr. Sérgio, a pessoa que lhe informou talvez para que ela reconhecesse a violência do seu ato disse que ele havia morrido, um calafrio percorreu o seu corpo e ela se viu pensando nos seus pais e irmãos, percebeu que nenhum deles tinha ido visita-la na prisão que havia perdido todos os que ela amava que havia cometido uma estupidez, que havia sido mesquinha e mentirosa, porque ela não amava o Dr. Sérgio apenas não queria perder o que ela pensava ser uma disputa, cujo prêmio era o amor daquele homem o qual ela havia matado, corroída pelo remorso ela pediu ao carcereiro para escrever uma carta, lhe foi concedida a permissão.
Nesse momento João Gabriel estava contando ao delegado toda a história que terminou em tragédia, quando terminou seu depoimento foi reconduzido à cela onde ficaria aguardando julgamento.
A Dra. Heloisa estava sentada ao lado da cama do seu amado, conversava com ele todos os dias mesmo que ainda não tivesse sido reconhecida. O psicólogo do hospital havia explicado que era uma situação comum a pessoa sofrer perda de memória depois de um coma prolongado, mas que na maioria dos casos o paciente recordava de tudo era preciso paciência
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e muito amor. Quanto a isso Sérgio era privilegiado o amor de Heloisa superava todas as barreiras e dificuldades e nesse tempo todo de espera seu amor aumentou mais ainda.
Na delegacia onde se encontrava Alessandra aconteceu um imenso reboliço, ela foi encontrada morta em sua cela, havia se enforcado com os lençóis da cama em sua mão estava uma carta endereçada ao delegado. Depois que tomaram as devidas providências referentes ao corpo de Alessandra, a carta foi encaminhada ao juiz pelo próprio delegado. Na carta ela inocentava João Gabriel, contou que ele queria apenas atrapalhar o casamento, que nunca teve a intenção de matar alguém, disse que ele nem sabia da existência do revólver que ela levava na bolsa o crime era culpa apenas dela, ela usou o despeito que ele estava sentindo para arrastá-lo até o local do casamento sabia que sozinha ela não entraria na sala, foi essa toda a participação de João Gabriel, na carta ela pedia que o delegado dissesse a sua família que a dor e a vergonha que ela estava sentindo nunca iam terminar que para não envergonha-los mais ainda ela preferia morrer, agradeceu aos pais por tudo o que haviam feito por ela que se não fosse por eles não teria chegado aonde chegou, que o seu maior pecado foi acreditar que ela era a mulher mais linda do universo e que por isso ninguém podia vencê-la no jogo do amor, reconheceu que manipulava as pessoas que jogava com seus sentimentos e depois os descartava como brinquedos quebrados que não serviam mais, pediu para que sua irmã não se deixasse corromper pelos elogios que recebia por ser bonita e que nunca tratasse as pessoas como coisas descartáveis e aos seus pais pediu um enterro discreto e que eles recordassem dela como a menina feliz, alegre e saltitante que ela fora um dia. Mesmo sabendo que a Dra. Heloisa não a perdoaria pediu que o delegado dissesse a ela que lamentava muito e daria a “própria vida” para mudar tudo por fim se dirigiu aos colegas de trabalho os quais foram sua família por muitos anos, pediu que a perdoassem e que aprendessem com seus erros para não se deixarem levar pela vaidade. Terminou a carta despedindo-se de todos e pedindo perdão a Deus pelo que ia fazer.
O Juiz depois de ler a confissão feita por Alessandra pediu que trouxessem João Gabriel a sua presença quando ele chegou ao tribunal o Juiz leu a carta de Alessandra e disse que ele estava livre, porque ela havia confirmado tudo o que ele havia dito.
Assim que saiu da prisão com todos os seus documentos e seu nome limpo ele se dirigiu ao hospital procurou Heloisa e contou tudo o que Alessandra tinha escrito na carta que ela na última semana reconheceu que havia errado com ela mesma e com todos ninguém imagina o que a fez mudar de ideia porque ela nunca recebeu nenhuma visita e que seu corpo foi levado para a sua cidade natal pelos advogados da família. O diretor do hospital depois de uma longa e extenuante reunião com os sócios e todos os funcionários decidiu recontratar João Gabriel, pois ele é um instrumentador de primeira qualidade.
João Gabriel durante o tempo em que esteve preso repensou sua vida as escolhas que havia feito e as pessoas que ele magoara, e sem que ele percebesse um rostinho miúdo se apossou dos seus pensamentos ele percebeu que estava apaixonado por Cristina sua colega de serviço, e recordou que ela foi a única a acreditar na sua história e visita-lo na prisão, que sempre falava do valor que ele tinha para os médicos do hospital, que ele era um homem de bom coração e que ainda ia descobrir isso, ficou feliz ao reencontrá-la olhou nos olhos castanhos e sentiu que enfim havia encontrado o amor da sua vida.
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O Dr. Sérgio fisicamente estava recuperado mas a memória teimava em não voltar, Heloisa não desistia havia se recuperado estava mais radiante apenas a tristeza em seus olhos continuava presente, Sérgio não se recordava que era médico que trabalhava naquele hospital mas havia se apaixonado por Heloisa novamente, e tinha resolvido pedi-la em casamento sem saber pela segunda vez. Quando ela chegou ao seu quarto ele já estava vestido em suas mãos um buquê de rosas vermelhas e brancas como da primeira vez, ele olhou nos seus olhos e um choque percorreu todo o seu corpo parecia uma descarga elétrica de alta voltagem abrindo o seu cérebro e nesse instante ele recordou de tudo o que havia acontecido, abraçou Heloisa chorando e repetindo que a amava e que queria estar com ela até o ultimo sopro de vida.
Nesse momento João Gabriel entrou no quarto e ao ver que ele havia recobrado a memória se aproximou dos dois e com os olhos cheios de lágrimas pediu perdão por tudo o que havia feito.
Sérgio e Heloisa remarcaram o casamento interrompido à quatro meses e tiveram a maior surpresa quando João Gabriel e Cristina resolveram casar no mesmo dia, agora não seria uma celebração simples mas um casamento com toda as honras que mereciam afinal eles enfrentaram batalhas memoráveis, a pequena igreja estava lotada e para a surpresa ser completa os pais e irmãos de João Gabriel estavam presentes.
A recepção foi realizada no salão de reuniões do próprio hospital a alegria era contagiante, os pais de Heloisa não disfarçavam a alegria de ver a sua filha feliz. Quando partiram p0ara uma semana de lua de mel Sérgio ainda não imaginava a que a sua felicidade ainda se completaria quando percebeu que a sua amada havia se conservado pura e que ele seria o primeiro homem a tocar seu corpo, abraçou sua esposa demoradamente e selaram a sua união.
Um ano depois o primeiro filho de Sérgio e Heloisa nasceu, assim como o de João Gabriel e Cristina e eles para confirmar a amizade que os unia profundamente batizaram os filhos no mesmo dia, e a surpresa ainda foi maior quando Sérgio convidou João Gabriel e Cristina para serem os padrinhos do pequeno Mateus e como não podia deixar de ser Sérgio e Heloisa batizaram a pequena Isabela.
Daquele dia em diante os amigos fizeram uma promessa que seus filhos seriam criados juntos e que eles ensinariam o valor de um grande amor e de uma amizade que nasceu de uma tragédia.
E assim Heloisa encontrou o seu príncipe encantado aquele que ela escolheu para fazer parte da sua vida descobriu um amor verdadeiro que venceu batalhas e por fim era coroado com o pequeno Mateus que herdou os olhos da mãe e rosto lindo do pai. Como os pais de Heloisa já estavam velhinhos eles resolveram morar na mesma casa, pois havia espaço suficiente para criarem Mateus e receberem a visita dos amigos, sem dizer que os pais de Heloisa ficaram radiantes com a ideia.
João Gabriel e Cristina compraram uma casa na mesma rua, o que permitiria que Isabela convivesse com Mateus e o juramento dos pais fosse cumprido.
Heloisa estava sentada na varanda observando Mateus e Isabela brincando no jardim e relembrou toda a sua história.


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E percebeu que foi do inferno ao céu e daquele dia em diante jurou para si mesma que seria apenas céu, que o seu filho reconheceria o valor de um amor verdadeiro e de uma amizade que nasceu de uma tragédia.
Ouvindo o riso cristalino de Mateus e Isabela agradeceu a Deus pela felicidade que havia encontrado ela e Sérgio, João Gabriel e Cristina juntos encontraram a paz que tanto buscaram ao longo de suas vidas e essa mesma paz seria transmitida aos seus filhos para que eles descobrissem que a vida não é um jogo, que ser belo ou bela não é o único valor a ser levado em conta, sorriu para si mesma porque venceu a grande batalha de sua vida. Levaria para sempre em seu coração a amizade que unia ela João Gabriel e Cristina, percebeu que seu amor por João Gabriel quando ainda era menina do interior foi apenas a preparação para a felicidade que agora vivia.
O tempo foi passando seus pais já haviam morrido, e o dia da formatura de Mateus chegou ele tinha se tornado um rapaz maravilhoso educado e gentil seguiu os passos de seus pais e escolhera a medicina como profissão, com uma diferença era pediatra, Isabela tornou-se uma moça maravilhosa e escolheu ser professora porque assim ajudaria muitos adolescentes a viver uma vida digna.
Sérgio e Heloisa passavam os dias sentados na varanda da casinha branca onde moravam e aguardavam ansiosos a volta do filho todos os dias quando ele chegava o mundo ficava colorido e os olhos cor de esmeralda assim como os da sua mãe se iluminavam quando os abraçava. Na casa de Isabela não era diferente João Gabriel e Cristina agradeciam todos os dias pela filha maravilhosa que tinham os olhos da cor do céu que ela havia herdado do pai se enchiam de amor quando no final da tarde se reuniam para conversar, para esses dois casais o sofrimento e a dor ficou no passado, mas mesmo assim agradeciam a Alessandra que reconheceu os erros cometidos e devolveu a vida e o amor a cada um deles.